Se cada planta nasce em uma superfície diferente, como garantir que o substrato utilizado nos vasos para substituir o meio de crescimento natural das plantas seja mesmo o ideal?
No universo da botânica, o substrato é o nome dado à base ou superfície utilizada como suporte para um organismo vivo. Quando pensamos em plantas, quase que automaticamente relacionamos essa função de apoio à terra, ou ao solo, mas a verdade é que nem sempre isso acontece.
Provavelmente, você já observou orquídeas se desenvolvendo lindamente apoiadas no tronco de uma árvore, certo? Sem falar naquelas espécies tropicais maravilhosas, que nascem, nada menos, do que sobre pedras à beira mar!
(Dica: não deixe de conferir esta matéria que fizemos sobre as orquídeas mais raras do mundo!)
Pois saiba que essas características influenciam diretamente nos hábitos de desenvolvimento de uma planta. Em resumo, a quantidade de água, oxigênio e nutrientes absorvidos por uma espécie que vive diretamente na terra será completamente diferente daquelas que se apoiam sobre outra superfície e ficam mais perto da luz, por exemplo.
É por isso que usar aqueles substratos comuns, que costumam ser comercializados em floriculturas ou pequenos gardens, pode acabar comprometendo a saúde da sua verdinha!
O que é substrato?
Na jardinagem, é o termo que designa o “suporte” em que uma espécie é plantada. A maioria é uma mistura de diferentes ingredientes, como sphagnum, casca de árvore, argila expandida, areia, terra comum etc.
Sim, sabemos que o assunto é um pouquinho cabeçudo, mas vale à pena fazer um raio-x em três dos principais tipos de substratos encontrados na natureza para exemplificar esses diferentes hábitos e necessidades. Segura na nossa mão e vem!
1. Terrícolas
São aquelas plantas cujas raízes estão ligadas diretamente ao solo, retirando dele os nutrientes, a água e o ar necessários para o seu crescimento. Boa parte das plantas fazem parte dessa categoria, como a maioria das árvores e hortaliças. E elas tendem a se desenvolverem bem, mesmo quando lançamos mão daquela terra mais comum que falamos acima.
2. Epífitas
Vivem sobre outras plantas, mas não possuem hábitos parasitas, sem retirar nutrientes daquela que lhe fornece apoio. Um dos principais benefícios dessa relação para as plantas epífitas é que elas conseguem mais acesso à luz, aumentando assim sua produção de fotossíntese. Outro detalhe é que as raízes das epífitas têm contato direto com o oxigênio. Por isso, colocá-las em um solo extremamente compactado e argiloso pode acabar, de certa forma, “sufocando” o exemplar. Entre elas, destacam-se algumas espécies de orquídeas, bromélias e samambaias.
3. Rupícolas
Também são conhecidas como plantas de rocha, uma vez que possuem a incrível capacidade de nascerem em fendas ou rachaduras de uma pedra. Além de garantir a fixação em um ambiente pra lá de complicado, as raízes dessas espécies evoluíram para absorver o máximo de água possível. Chifre-de-veado, orelha-de-elefante-gigante e tillandsia são algumas das plantas que você pode encontrar nos chamados afloramentos rochosos.
Qual a diferença entre substrato e adubo?
Por serem visualmente parecidos em alguns casos, é natural que aconteça esse tipo de confusão, principalmente entre os jardineiros de primeira viagem. Para evitar a confusão, aqui vai uma explicação bem simples: enquanto o substrato é a casa das plantas, o adubo é a comida.
É bem verdade que o substrato pode, sim, trazer adubo em sua composição, dando aquela força extra no desenvolvimento da verdinha. Mas se você exagerar na dose, a planta vai sentir. Sabe aquela pratada de feijoada exagerada? Então, é mais ou menos por aí.
Mas como escolher o substrato ideal?
Esse é, sem dúvida, um dos principais desafios da jardinagem amadora, uma vez que são muitos os detalhes a serem observados, assim como as opções comercializadas no mercado. A verdade é que não existe receita de bolo. Só mesmo com o tempo, a prática e o conhecimento que essa ligação de pontos se tornará mais simples e automática.
Ou seja, ao olhar uma planta você terá a capacidade de reconhecer seus hábitos, entender o que ela precisa para se desenvolver da melhor forma e “reproduzir” as características desse substrato natural no substrato do vaso.
Bora descomplicar!
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